Os Olmecas

    "A história dos povos sem história", expressão de Henri Moniot, tem início com o povo olmeca. Acredita-se que essa civilização foi a precursora de todas as demais que ocuparam a Mesoamérica antes da chegada dos colonizadores espanhóis.

    A "Mesoamérica" é uma expressão criada por Paul Kirchhoff para designar a parte do México limítrofe com a América Central, que já se encontrava "civilizada" quando da chegada dos colonizadores espanhóis. Abrange uma ampla gama cronológica, espacial e cultural de povos ligados por elementos comuns. Embora todos estivessem em regiões tropicais, as variações geográficas e de relevo provocavam uma ampla diversidade de paisagens. Essa diversidade climática, provocada por fatores geográficos, gerou uma grande variedade de perfis produtivos e uma intrincada rede de comércio, que deixou heranças significativas para os povos que vieram depois.

Sacerdote Olmeca

    Acredita-se que os olmecas foram os responsáveis por estabelecer traços característicos comuns entre os povos que ocuparam a região antes da chegada dos colonizadores. Os olmecas surgiram por volta de 1.500 a.C., experimentaram um grande salto cultural entre 1.200 e 900 a.C. e desapareceram por volta de 400 a.C. Sua cultura destacou-se pela construção de pirâmides, estelas esculpidas, baixo-relevo, uso do jade, escrita hieroglífica e contagem de tempo. Sua forte orientação pelos pontos cardeais indica que possuíam certo conhecimento astronômico.

    Seus principais centros eram San Lorenzo e La Venta. Nesta última, encontra-se uma pirâmide com 120 metros de diâmetro e 30 metros de altura, além de outra menor, com estrutura em degraus, cujo estilo influenciou todos os povos mesoamericanos subsequentes. Essas pirâmides foram construídas sobre aterros com pedras de 25 toneladas, transportadas de longe e talhadas sem o uso de metais. Mais tarde, atribuíram-se aos olmecas outros centros, como Tres Zapotes e Cerro de Las Mesas. No vale mexicano, a influência olmeca pode ser vista em Ayotla, Tlatilco e Cuicuilco.

    Os olmecas cultivavam grandes plantações de milho, feijão e abóbora, chamadas de "milpas". Destacavam-se também os "tianguis", mercados ao ar livre onde as populações se reuniam periodicamente para trocar produtos e onde se manifestavam expressões religiosas. Existem indícios de que já eram uma sociedade fortemente regida pela religião.


    Os olmecas possuem grande importância histórica, pois deixaram uma forte herança para os povos da Mesoamérica:

  • Potencializaram a economia regional com as trocas inter-regionais de produtos.
  • Promoveram a diversificação progressiva de atividades específicas em uma sociedade complexa, que tendia a se hierarquizar cada vez mais.
  • Incentivaram o consumo suntuário de produtos de prestígio social, com mercadorias de luxo, às vezes vindas de muito longe, através de longas rotas comerciais.
  • Fizeram os primeiros avanços técnicos, artísticos, urbanísticos e astronômicos.

Prof. Flávio Souza
História

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