Características da República Oligárguica
Política dos Governadores e Coronelismo
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Voto de cabresto, forma utilizada para perpetuação do Coronelismo. Ilustração: Storni [domínio público], via Wikimedia Commons |
A Política dos Governadores foi um arranjo político estabelecido durante a Primeira República (1889-1930), visando garantir a estabilidade do governo federal e a manutenção das oligarquias estaduais no poder. Esse acordo envolvia um pacto entre o presidente da República e os governadores dos estados, que, por sua vez, controlavam os chamados "coronéis", líderes políticos locais com grande influência sobre a população rural.
O Coronelismo era o sistema de dominação política baseado na figura do coronel, um grande proprietário de terras que exercia forte controle sobre os eleitores de sua região. A principal ferramenta desse domínio era o voto de cabresto, no qual os eleitores eram obrigados a votar nos candidatos indicados pelo coronel, muitas vezes sob ameaça ou suborno. Esse sistema garantia a permanência das elites no poder e impedia a participação política das camadas populares.
Café com Leite
A política do Café com Leite foi um esquema de alternância no poder entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais durante a Primeira República. Como São Paulo era o maior produtor de café do Brasil e Minas Gerais possuía grande produção de leite e derivados, a aliança entre esses dois estados dominou o cenário político nacional.
Essa alternância se dava por meio de acordos entre as elites paulistas e mineiras, que indicavam candidatos à presidência de forma a evitar disputas internas e manter a influência sobre o governo federal. No entanto, esse arranjo começou a se desgastar ao longo dos anos, culminando na crise política que resultou na Revolução de 1930.
Revoltas e Conflitos Sociais
Durante a Primeira República, a exclusão das camadas populares do processo político gerou diversas revoltas e conflitos sociais. Entre as principais revoltas desse período, destacam-se:
Guerra de Canudos (1896-1897) – Ocorreu no sertão da Bahia e foi liderada por Antônio Conselheiro, que organizou uma comunidade autossuficiente chamada Belo Monte. O governo viu o movimento como uma ameaça e enviou tropas para destruí-lo. Após várias expedições militares fracassadas, Canudos foi arrasado e milhares de sertanejos foram massacrados.
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População de Canudos (os poucos que não foram mortos) amontoada pelos militares. A foto fez parte da exposição “Euclides da Cunha. Os sertões — testemunho e apocalipse”, na Biblioteca Nacional. |
Revolta da Vacina (1904) – No início do século XX, o governo do Rio de Janeiro, liderado por Rodrigues Alves e seu sanitarista Oswaldo Cruz, impôs a vacinação obrigatória contra a varíola. A população, revoltada com a medida autoritária e com as condições de vida precárias, iniciou uma série de protestos violentos na cidade. O governo reprimiu duramente a revolta e manteve a vacinação compulsória.
Revolta da Chibata (1910) – Liderada pelo marinheiro João Cândido, essa revolta ocorreu como uma reação aos castigos físicos que ainda eram aplicados na Marinha, mesmo após a abolição da escravatura. Os marinheiros tomaram o controle de navios de guerra e exigiram o fim dos castigos. O governo cedeu à pressão, mas, posteriormente, prendeu e puniu os líderes do movimento.
Economia e Expansão do Café
A economia da Primeira República foi amplamente dominada pela produção de café, que era o principal produto de exportação do Brasil. Esse setor recebeu grande apoio do governo, que adotou a Política de Valorização do Café para evitar quedas bruscas nos preços. O Estado comprava estoques excedentes de café e os armazenava, mantendo os preços elevados artificialmente.
Apesar do predomínio da agricultura, a indústria começou a crescer no Sudeste, especialmente em São Paulo, impulsionada pelos lucros do café e pelo aumento da urbanização. O crescimento industrial ajudou a diversificar a economia, mas a dependência das exportações de café ainda tornava o país vulnerável a crises internacionais.
Crise e Fim da Primeira República (1929-1930)
O declínio da Primeira República começou com a Crise de 1929, que afetou drasticamente a economia cafeeira. Com a queda da Bolsa de Valores de Nova York, a demanda por café brasileiro despencou, e o país enfrentou graves dificuldades econômicas.
No cenário político, a crise se aprofundou com as eleições presidenciais de 1930. O presidente Washington Luís rompeu o acordo do "Café com Leite" ao indicar Júlio Prestes, de São Paulo, para sucedê-lo, contrariando Minas Gerais, que esperava a candidatura de um mineiro. Em resposta, Minas Gerais se aliou ao Rio Grande do Sul e à Paraíba para lançar a candidatura de Getúlio Vargas, formando a Aliança Liberal.
Júlio Prestes venceu as eleições, mas Vargas e seus aliados não aceitaram o resultado. Em outubro de 1930, um movimento armado conhecido como Revolução de 1930 depôs Washington Luís antes que Júlio Prestes pudesse assumir a presidência. Getúlio Vargas tomou o poder, encerrando a Primeira República e iniciando a Era Vargas.
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