República da Espada
A República da Espada é um período da história do Brasil que se estende de 1889 a 1894, caracterizado pela predominância de líderes militares no governo. Este período se inicia com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, quando o Marechal Deodoro da Fonseca assume a presidência do país.
A República da Espada é vista como um período de transição e instabilidade, que preparou o terreno para a República Oligárquica que se seguiria. As tensões políticas e sociais desse período influenciaram a formação do Estado brasileiro e a relação entre civis e militares na política nacional.
Governo de Deodoro da Fonseca (1889-1891)
Como primeiro presidente do Brasil, governou inicialmente de forma provisória (1889-1891), organizando a transição do regime monárquico para o republicano.
O governo constitucional iniciou-se com a realização de uma eleição indireta um dia depois de a Constituição de 1891 ter sido promulgada. Nessa eleição, os parlamentares que formavam a Constituinte tiveram de votar separadamente para presidente e vice-presidente. Os candidatos para cada cargo eram:
Deodoro da Fonseca e Prudente de Morais, para a presidência;
Floriano Peixoto (apoiado por Prudente) e Eduardo Wandenkolk (apoiado por Deodoro), para a vice-presidência.
O resultado dessa eleição determinou a vitória de Deodoro da Fonseca com 129 votos e de Floriano Peixoto com 153 votos. O primeiro governo constitucional de nosso país foi formado por representantes de chapas eleitorais diferentes. O governo constitucional de Deodoro foi bastante conturbado porque ele queria governar sem que o Legislativo interferisse nas suas vontades.
O autoritarismo de Deodoro minou a posição do presidente e levou o país a uma crise política em menos de um ano após ele ter sido eleito. Além da ambição do presidente em querer governar de maneira centralizadora, conta-se também, para a crise política, as disputas que existiam nos quadros políticos do país entre deodoristas (apoiadores do presidente) e florianistas (apoiadores do vice).
Além de autoritário, podemos dizer que Deodoro também era incapaz para exercer a função. Certas decisões políticas tomadas por ele contribuíram para prejudicar sua posição na presidência. Uma das principais foi a nomeação de “indenistas” para a presidência dos estados e outros cargos governamentais. Os indenistas não eram populares entre os republicanos históricos (aqueles convertidos ao ideal desde 1870), eram compostos principalmente da elite agrária que só se juntou à causa republicana como revanche ao Império por ter libertado os seus escravos sem uma idenização.
Essa impopularidade dos indenistas deve-se ao fato de que eles eram antigos monarquistas que se converteram ao republicanismo depois da abolição da escravatura, no 13 de Maio. O principal caso foi o do Barão de Lucena, antigo monarquista nomeado para o Ministério do Trabalho. Insatisfeitos com o governo, os parlamentares acabaram atuando para tentar retirar poderes do presidente.
Acuado pelos parlamentares, Deodoro resolveu radicalizar e, seguindo sua tendência autoritária, decidiu fechar o Congresso Nacional, em 3 de novembro de 1891. Isso deu início a uma crise política que levou o país às margens de uma guerra civil. Isso porque o ato de Deodoro violou artigos da Constituição de 1891 e a reação foi imediata.
Houve resistência civil à atitude do presidente, como o caso dos ferroviários da Central do Brasil que entraram em greve. Além disso, a Armada (Marinha) rebelou-se contra o presidente e voltou os canhões de navios de guerra para o Rio de Janeiro. Os marinheiros passaram a exigir a renúncia do governante e a reabertura do Congresso e ameaçaram bombardear a capital, o Rio de Janeiro.
Pressionado e temendo o início de uma guerra, Deodoro da Fonseca renunciou à presidência no dia 23 de novembro de 1891. Com isso, Floriano Peixoto assumiu-a em um acordo realizado com os oligarcas paulistas."
Floriano Peixoto: O Marechal de Ferro e seu Governo (1891-1894)
Introdução
Floriano Peixoto foi o segundo presidente do Brasil, governando de 1891 a 1894. Ele assumiu a presidência após a renúncia de Deodoro da Fonseca, em meio a uma crise política. Seu governo foi marcado por forte centralização do poder e pela repressão a revoltas que ameaçavam a estabilidade da jovem República.
Contexto Histórico
O governo de Floriano Peixoto ocorreu durante a chamada República da Espada (1889-1894), período em que o Brasil foi governado por militares. A República ainda era recente, e o país passava por profundas mudanças após o fim da monarquia. Com a renúncia de Deodoro da Fonseca, Floriano assumiu a presidência sem convocar novas eleições, contrariando a Constituição de 1891. No entanto, ele recebeu apoio da oligarquia paulista, que via nele um caminho para consolidar o novo regime republicano.
A Crise Política e as Medidas de Floriano
Ao assumir o cargo, Floriano enfrentou forte oposição dos deodoristas (apoiadores de Deodoro da Fonseca) e de setores que exigiam novas eleições. Para se manter no poder, tomou medidas rígidas:
Substituição de governadores: Destituiu aliados de Deodoro dos governos estaduais, fortalecendo sua própria base política.
Repressão aos opositores: Aposentou compulsoriamente 13 generais contrários ao seu governo e prendeu cerca de 50 manifestantes, enviando muitos deles para a Amazônia.
Fechamento temporário do Congresso: Entre janeiro e maio de 1892, a Câmara e o Senado ficaram suspensos para evitar oposição ao governo.
Apesar de impopular entre as elites, Floriano era visto com bons olhos pelas camadas populares, principalmente por medidas econômicas que amenizaram os efeitos da crise do Encilhamento (uma grande inflação causada por emissão excessiva de moeda e especulação financeira).
Revolta da Armada (1893-1894)
A Marinha, insatisfeita com Floriano, organizou a Revolta da Armada em 1893. Líderes como Eduardo Wandenkolk e Custódio de Melo comandaram navios de guerra que bombardearam o Rio de Janeiro por semanas. No entanto, Floriano contou com apoio dos Estados Unidos, que ajudaram a romper o bloqueio naval. Sem recursos e apoio, os revoltosos desistiram e se uniram a outro movimento no sul do país.
Revolução Federalista (1893-1895)
A Revolução Federalista ocorreu no Rio Grande do Sul, resultado da disputa entre dois grupos políticos:
Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), liderado por Júlio de Castilhos, apoiado por Floriano.
Partido Federalista, liderado por Gaspar Silveira Martins, que queria mais autonomia para os estados.
Os federalistas iniciaram uma guerra civil e avançaram pelo sul do Brasil, conquistando Santa Catarina e Paraná. No entanto, após a Batalha da Lapa, foram enfraquecidos e, em 1895, a revolta foi derrotada. O conflito causou cerca de 10 mil mortes, sendo considerado a maior guerra civil da história do Brasil.
Fim do Governo e Sucessão
Por suas ações enérgicas, Floriano ganhou o apelido de “Marechal de Ferro”. No entanto, não conseguiu se manter no poder. Em 1894, foi pressionado a entregar a presidência ao primeiro civil eleito, Prudente de Morais, consolidando a transição do Brasil para o domínio das oligarquias agrárias, principalmente paulistas e mineiras.
Conclusão
O governo de Floriano Peixoto foi um período de intensa instabilidade política e militar. Suas ações foram fundamentais para garantir a continuidade da República, mas também marcaram um governo autoritário e repressivo. Seu legado influenciou os rumos da política brasileira, estabelecendo bases para a estrutura política da Primeira República (1889-1930).
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