A EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA

A Expansão Marítima Europeia

A Expansão Marítima Europeia foi um dos eventos mais importantes da História, pois possibilitou aos europeus a descoberta e o contato com povos distantes e desconhecidos. Entre os séculos XV e XVII, países como Portugal e Espanha lideraram as grandes navegações oceânicas, seguidos por outras potências europeias, como Inglaterra, França e Holanda. Esse movimento foi impulsionado por fatores econômicos, políticos, religiosos e tecnológicos, resultando na exploração e colonização de novas terras e suas populações.

Fatores que impulsionaram a Expansão Marítima

Vários fatores contribuíram para a expansão marítima europeia:

  1. Econômicos: A busca por novas rotas comerciais, especialmente para o comércio de especiarias, ouro e prata, foi um dos principais motores da expansão. Com o bloqueio do comércio no Mediterrâneo devido ao controle dos turcos otomanos, os europeus precisavam encontrar novas rotas para a Ásia. Nesse contexto podemos falar sobre o mercantilismo, que é a primeira fase do capitalismo. Esse modelo econômico consistia basicamente em: metalismo (a riqueza de uma nação era medida pela quantidade de metais precisos que ela possuia), balança comercial favorável (a exportação deveria ser maior que a importação), colonialismo (estabelecimento de estruturas de exploração nas colônias), monopólio (somente a metróple podia manter relações comerciais com as colônias), manufatura (incentivo à produção manufatureira), protecionismo (medidas para evitar a concorrência de produtos estrangeiros) e o intervecionismo estatal (os reis determinavam os rumos da economia). 

    O astrolábio era um instrumento usado
    para determinar a latitude
    da embarcação no mar.

  2. Políticos: Os reinos europeus buscavam expandir seus territórios e aumentar seu poder. O fortalecimento das monarquias nacionais possibilitou a concentração de recursos para financiar expedições marítimas.

  3. Religiosos: A expansão também foi motivada pela difusão do cristianismo, especialmente por parte de Portugal e Espanha, que buscavam converter povos indígenas ao catolicismo.

  4. Tecnológicos: Avanços na navegação, como o uso da caravela, do astrolábio e da bússola, permitiram viagens mais longas e seguras. O aperfeiçoamento das cartas náuticas e a expansão do conhecimento geográfico também foram essenciais.


Os Pioneiros da Expansão: Portugal e Espanha

A Caravela foi uma invenção que
possibilitou Portugal desbravar
os mares e oceanos.

Portugal

Portugal foi o primeiro país a se lançar nas grandes navegações, devido à sua posição geográfica favorável e ao incentivo de seus monarcas. O Infante Dom Henrique, conhecido como "O Navegador", organizou expedições e fundou a Escola de Sagres, um centro de estudos náuticos.

  • 1415: Conquista de Ceuta, na África, dando início à expansão portuguesa.
  • 1488: Bartolomeu Dias contornou o Cabo da Boa Esperança, abrindo caminho para a Índia.
  • 1498: Vasco da Gama chegou a Calicute, na Índia, estabelecendo uma rota direta para as especiarias.
  • 1500: Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, consolidando a presença portuguesa no Atlântico Sul.

Espanha

Os Reis Católicos, Fernando e Isabel, financiaram as expedições de Cristóvão Colombo, que buscava uma nova rota para a Índia navegando para o oeste.

  • 1492: Colombo chegou às Américas, acreditando ter alcançado a Ásia.
  • 1519-1522: Fernão de Magalhães liderou a primeira viagem de circunavegação do globo, provando que a Terra era redonda e interligada.

Com o Tratado de Tordesilhas (1494), Portugal e Espanha dividiram as terras descobertas no Novo Mundo, garantindo a Portugal o território do Brasil.

Outras Potências Marítimas

A partir do século XVI, outros países europeus começaram a desafiar o domínio de Portugal e Espanha:

  • Inglaterra: Destacou-se com a pirataria e a colonização da América do Norte.
  • França: Explorou a região do Canadá e estabeleceu colônias na Índia e no Caribe.
  • Holanda: Criou a Companhia das Índias Orientais e dominou o comércio de especiarias no sudeste asiático.

Consequências da Expansão Marítima

A expansão marítima teve impactos profundos no mundo:

  1. Econômicos: O surgimento do mercantilismo, o aumento do comércio intercontinental e a formação de colônias exploradas pelas metópoles europeias.

  2. Sociais: O encontro de culturas distintas gerou trocas culturais e também conflitos. Milhões de indígenas foram mortos ou escravizados na América.

  3. Políticos: O fortalecimento dos estados absolutistas e o aumento da rivalidade entre as potências europeias.

  4. Científicos: O avanço dos conhecimentos geográficos e tecnológicos, como a cartografia e a astronomia.

Conclusão

A Expansão Marítima Europeia foi um período de grandes transformações econômicas, sociais e políticas. Esse movimento marcou o início da globalização, ao integrar diferentes regiões do mundo por meio do comércio, da exploração e da colonização. Embora tenha impulsionado o desenvolvimento europeu, também resultou na exploração de povos indígenas e africanos, cujos efeitos são sentidos até os dias atuais.

EXERCÍCIOS

1. Todo homem de bom juízo, depois que tiver realizado sua viagem, reconhecerá que é um milagre manifesto ter podido escapar de todos os perigos que se apresentam em sua peregrinação; tanto mais que há tantos outros acidentes que diariamente podem aí ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles que aí navegam querer pô-los todos diante dos olhos quando querem empreender suas viagens.

(J. P. T. Histoire de plusieurs voyages aventureux. 1600. In: DELUMEAU, J. História do medo no Ocidente: 1300·1800. São Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado))

Esse relato, associado ao imaginário das viagens marítimas da época moderna, expressa um sentimento de:

A. gosto pela aventura.

B. fascínio pelo fantástico.

C. temor do desconhecido

D. interesse pela natureza.

E. purgação dos pecados.


2. ENEM/2012

Assentado, portanto, que a Escritura, em muitas passagens, não apenas admite, mas necessita de exposições diferentes do significado aparente das palavras, parece-me que, nas discussões naturais, deveria ser deixada em último lugar.

(GALILEI, G. Carta a Dom Benedetto Castelli. In: Ciência e fé: cartas de Galileu sobre o acordo do sistema copernicano com a Bíblia. São Paulo: Unesp, 2009 (adaptado))

O texto, extraído da carta escrita por Galileu (1564-1642) cerca de trinta anos antes de sua condenação pelo Tribunal do Santo Ofício, discute a relação entre ciência e fé, problemática cara no século XVII.

A declaração de Galileu defende que:

A. a Bíblia, por registrar literalmente a palavra divina, apresenta a verdade dos fatos naturais, tornando-se guia para a ciência.

B. o significado aparente daquilo que é lido acerca da natureza na bíblia constitui uma referência primeira.

C. as diferentes exposições quanto ao significado das palavras bíblicas devem evitar confrontos com os dogmas da Igreja.

D. a Bíblia deve receber uma interpretação literal porque, desse modo, não será desviada a verdade natural.

E. os intérpretes precisam propor, para as passagens bíblicas, sentidos que ultrapassem o significado imediato das palavras.


3. ENEM/2013

De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente.

(Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001)

A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o seguinte objetivo:

A. Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos.

B. Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa.

C. Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico existente.

D. Realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a superioridade europeia.

E. Criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a ausência de trabalho.






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